‘O
álcool não consola, não preenche os vazios psicológicos, mas supre a
ausência de Deus. Não compensa o homem. Pelo contrário, anima a sua
loucura, transporta-o a regiões supremas onde é mestre do seu próprio
destino.’ Marguerite Duras.
A
modernidade revela-nos um homem adicto, pois o exercício que impera é o
exercício do ‘ter’, excluindo qualquer condição que venha apontar para
uma falta ou para vazios.
A falta é constitutiva na existência humana, pois se cria a partir de um não preenchimento, de uma não completude. Poderíamos nos perguntar, o que nos falta? Pois, o que nos falta é exatamente deixar acontecer esta ‘falta’, esta articulação com a impossibilidade.
O sentido de uma felicidade ao dispor de cada um, impera e o homem hipermoderno, 'hipertecnológico' está preenchido por pílulas, aplicativos, etc. Uma conectividade total com a ideia de que existe uma felicidade disponível a um certo preço.
Nas diversas formas atuais de ‘brindar’, de ‘tragar’ esta felicidade vai se configurando uma
saideira que não termina, um copo que não esvazia ... ‘ter’ é um verbo
que move o sujeito para o consumo, para uma adição constante.